sábado, 23 de fevereiro de 2008

Tudo menos as queijadas (remodelado)

Nos últimos tempos tem-se ouvido falar muito sobre um órgão do ministério da economia e inovação, a ASAE. Os canais de televisão, os jornais, as revistas, a Internet “bombardeiam-nos” com informação sobre as ultimas acções da autoridade e com a opinião de pessoas mais prestigiadas.

Mas a final o que é a ASAE? Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) foi criada há cerca de dois anos e tem como objectivo “garantir a legalidade da actuação dos agentes económicos, a defesa da saúde pública e da segurança dos consumidores, zelando pelo cumprimento das normas legais que disciplinam as actividades económicas”.

Apesar de existir há algum tempo, só agora a ASAE revelou mais empenho nas suas funções, o resultado emerge em coimas elevadas aplicadas aos vendedores, encerramento temporário ou permanente dos estabelecimentos comerciais, todo isto por falta de condições, (no ver da ASAE). Restaurantes, lojas de especialidades e até as tradicionais feiras foram sacrificados, de acordo com as directrizes europeias em nome da saúde dos consumidores, da modernização e do nosso futuro. Aconteceu num dos restaurantes mais famosos de Lisboa que foi multado por não usar facas de cores diferentes para cortar vegeteis diferentes, pergunto-me se esta multa foi para assegurar a nossa saúde, modernização ou futuro. Quem sabe?

Todos estes actos dos “nossos protectores” não têm sido bem recebidos tanto da parte dos gerentes como dos consumidores. No entanto há consumidores que para além de consumirem também são cronistas, revoltados pela revolta dos outros ou pela extinção dos seus petiscos predilectos, resolvem escrever sobre a controversa ASAE.

Um destes cronistas, Vasco Pulido Valente, mostra-se desiludido com as decisões de ASAE, mas fá-lo de um modo irónico referindo-se apenas às bolinhas de Berlim. Começando a crónica por dizer que não sabe como a sua geração sobreviveu e ele chegou á idade adulta.

A meu ver a ASAE por vezes é exagerada, ou melhor a lei é exagerada porque a esta entidade limita-se a fazer com que outrem cumpra a lei acabando por deixar os seus próprios membros infrinjam a lei, digo isto deixando um exemplo que trata o facto de depois de algumas apreensões de DVDs falsificados, os inspectores apoderam-se de algum material e acabam por leva-lo para casa onde os oferecem aos filhos. Mas isso não é o pior, o que não perdoo é o facto da proibição da venda de produtos tradicionais que são feitos e vendidos por uma determinada pessoa há mais de quinze anos, sem haver uma única gastroenterite ou sequer um vómito por parte dos consumidores e chegar a ASAE e dizer, não comem mais queijadas da Vizinha Alexandrina. Isso para mim não. As queijadas da Vizinha Alexandrina são essenciais na minha roda dos alimentos. E se algum dia as proibirem, serei um toxicodependente, mas em vez de me injectar ás escondidas, como queijadinhas da vizinha.

Mas de certa forma penso que é necessário um organismo que garanta a qualidade dos alimentos que consumimos embora de forma a preservar aquilo que nos caracteriza e que nos torna tão característicos dentro e fora do país: as nossas tradições.

Deixo aqui algumas questões sobre a possível relação entre a ASAE, consumidores e produtores. Será que os “nossos protectores” tem um contracto com as empresas de produção em massa? Já que o director da ASAE foi avistado a fumar num estabelecimento que não permite fumadores, porque não pensar que ele infringe leis mais graves? Se um produtor é multado por usar o seu próprio carro para transportar os alimentos porque não por a hipótese de haver um novo estabelecimento que vende arcas frigoríficas portáteis na região? Com todos estes cuidados não era para haver excesso de médicos em Portugal? Já que se preocupam tanto com a nossa saúde porque é que permitem a venda de fast-food a crianças menores de dezoito anos? Por este andar um dia vamos ter um enviado da ASAE a registar os níveis de higiene enquanto fazemos as nossas necessidades fisiológicas e será que vamos ser multados? Nos dias de hoje estas e muitas mais perguntas ficam por responder mas fazem-nos pensar.

António Barreto, escreveu para o jornal Público uma interessante crónica cujo tema foi a ASAE e teve como titulo “Eles estão doidos”, tratava de dar exemplos e de enumerar situações normais e seguras, ao nosso ver, mas completamente absurdas e extremas ao ver dos órgãos da ASAE. Sendo um desses exemplos como a futura substituição de típicos restaurantes caseiros pelos modernos “fast food”. Termina a crónica com a seguinte frase: “E não tenhamos dúvidas: um dia destes, as brigadas vêm, com estas regras, fiscalizar e ordenar as nossas casas. Para nosso bem, pois claro”.


Carlos Rodrigues Nº12 12ºA

1 comentário:

Professor disse...

Avaliação global:
Bom

Professores: Alice e Paulo